Danilo Alves de Carvalho Amaral

Para esse exercício proposto pela professora Marina eu decidi focar nos lugares que já tinha mais familiaridade e entender/perceber quais as pequenas coisas que eu deixava passar ao largo da minha escuta por estar distraído com meus fones de ouvido ou com meus outros sentidos.
Primeiramente, para o exercício do mapa visual escolhi caminhar desde o CAHL até a casa onde moro, que fica na Ladeira da Cadeia. Aguçar os ouvidos e perceber os sons que vem do próprio prédio do Cahl foi interessante, alguns burburinhos e conversas rolavam no pátio e embora os sons fossem muitos, acho que ouvi menos coisa do que esperava. Concentrando bem os ouvidos até consegui escutar um pouco do que vinha de dentro das salas, mas o barulho mesmo vinha da parte de fora, a calçada era barulhenta com pessoas se cruzando se cumprimentando e conversando e os barulhos de carros e motos compondo o ambiente.

Subindo a rua principal o barulho das lojas, super-mercados e das vozes das transeuntes vinham de todas as direções, caminhar com o ouvido atento pelo centro comercial é uma experiência de super-estímulo. Carros, carros de som, buzinas, cumprimentos, galhofas, latidos, música…tudo junto e misturada. Também é muito legal perceber a diferença quando se chega numa parte mais residencial, que continua sendo barulhento, mas em outro ritmo e intensidade.

Já as gravações que fiz para o mapa sonoro foram produzidas numa segunda-feira à noite, passando pela Orla, a rua Vinte e cinco e Junho e a ladeira da cadeia. Reparar no som de uma noite relativamente calma em lugares que geralmente são cheios de estímulos auditivos também foi bem interessante e mais que isso, a experiência da amplificação gerada pelo microfone me deu outra perspectiva sobre o que eu de fato percebo dos sons.

Nesse aspecto, ouvir amplificados os sons da minha casa me deixou com a sensação de que mil universos podem existir dentro de um lugar relativamente restrito. Ouvir a festa dos grilos e cigarras vindo do matagal atrás da minha casa, as águas que correm pelos canos da parede e enchem minha caixa d’água, o samba que meu ventilador de teto toca como a marcação de um tamborim, coisas que nosso cotidiano corrido não nos permite apreciar.

No geral a experiência se mostrou fundamental para eu me conectar com os lugares que sempre frequento e que se mostram ainda mais ricos do que eu já os considerava.

Danilo Alves de Carvalho Amaral

(grupo Centro)

Outubro, 2022