Bruno Henrique de Assis

Esta experiência se desenvolveu de forma bastante interessante, sendo de grande valia para o aprendizado naquilo que se refere aos sons.

Destarte fiquei bastante relutante com a ideia de ter escolhido um bairro distante para realizar a captação sonora, porém logo fui convencido de que seria uma boa oportunidade para conhecer melhor Cachoeira, o que eu gostaria de ter feito há algum tempo.

Planejamos alguns detalhes de nossa ida ao Tororó e reservamos os equipamentos para a captação, no entanto não foi possível utilizar o gravador nas captações daquele primeiro dia, pois, adivinhem… isso mesmo, esquecemos as pilhas!

Como alternativa, já que estávamos tão longe para retornar, baixei o aplicativo AudioRec, fizemos algumas configurações e com ele realizamos toda a captação.

À medida que realizávamos as gravações e as escutavam, a sensação era de que nossos ouvidos ficavam mais treinados aos sons que vinham daquele bairro.

Caminhamos em média 7km durante a manhã, até encontrarmos uma lanchonete muito afastada. D. Paula a proprietária nos recebeu muito bem, conversamos muito com ela e com um Sr. que estava por lá. Como bons estudantes e apreciadores de momentos, pedimos uma caipirinha no capricho e D. Paula prontamente preparou para nós. Captamos algumas conversas que tivemos com ela, que nos autorizou posteriormente utilizar no Mapa Sonoro de Cachoeira.

Na volta gravamos mais alguns sons que achamos pertinentes, como nossa caminhada de volta e a subida até uma queda d’agua.

Analisando os resultados vimos que muitos dos arquivos captados ficaram baixos, porém consideramos que o ambiente em que estávamos realizando a coleta era um tanto quanto silencioso.

Não satisfeitos com o resultado, resolvemos retornar ao Tororó, desta vez levando as pilhas e o gravador.

Nessa ocasião optamos por outro caminha, subindo uma ladeira e lá conseguimos sons, bastante diferentes daqueles captados na primeira oportunidade.

Os sons eram muito mais comuns com os que estamos habituados, a natureza, embora ainda estivesse presente, parecia estar em segundo plano, dando lugar aos sons humanos.

Em uma outra proposta, agora já captando os sons domésticos, me atentei aos sons que tanto eu quanto alguns colegas da residência e seus pets produziam em determinados momentos do dia, como a organização da louça na pia, a gata que miava desesperadamente para sair de casa, a rotina feita pela manhã ao se levantar e até mesmo o café sendo coado.

Realizar este exercício de escuta foi muito significativo, pude perceber que por várias vezes só nos parece evidente os sons que de alguma forma queremos escutar, passando despercebido outras tantas informações sonoras que estão presentes no ambiente. Foi um exercício não apenas para os ouvidos, mas também para o cérebro.

Bruno Henrique de Assis

(grupo Tororó)

Outubro, 2022