A experiência de captação foi bastante interessante, como a professora Marina Amapurunga sempre diz, é semelhante a colocar uma lupa sobre algo, mas nesse caso, a lupa é um aparelho de captação e o ‘algo’ é um som. Decidi captar, para a parte individual do projeto, os sons que chegam na varanda da minha casa em um dia de sábado e em um domingo, respectivamente. Eu ouvi sons vindos da casa dos vizinhos e conversas na rua; ouvi música e ruídos, além do lindo canto dos pássaros; mas sem dúvida o que mais chamou a minha atenção foi a pregação de um pastor. A fala dele era muito gritada e forte, parecia uma bronca, acho que por isso chamam de sermão. Foi peculiar.
Ademais, no que diz respeito a captação grupal, nos dividimos para cobrir o centro da cidade. Eu escolhi captar no porto e perto da casa de cadeia. Não andei enquanto captava, então a sensação foi que os sons mais vinham até mim, como se caminhassem e passassem por nós (eu e o gravador). Mas, de certo modo, passam mesmo, entrando pelos nossos ouvidos e seguindo seu curso através do ar.
Beatriz Limeira
(grupo Centro)
Outubro, 2022