Escolhemos o bairro do Viradouro por ser onde moramos (Rodrigo e eu) e de fácil acesso a Steh, que mora na subida para o Cucui, para Zai foi interessante para conhecer um pouco mais da cidade também. Do mais, o bairro é sonoramente interessante, embora muito cansativo para quem mora e tem de conviver com três paredões diferentes vindos de locais diferentes e que parecem que estão ocorrendo na sala da nossa casa, mas conta com uma infinidade de sons característicos: o trem, que mais me atrai, o rio também pode ser escutado, a natureza que corre solta, os animais (gansos, que eu praticamente adotei, cavalos, cachorros, gatos e macacos), além das pessoas e seus sons potentes.
O trajeto foi interessante, fomos de um ponto próximo à entrada pela estação e viemos até bem próximo da minha casa, conseguimos trabalhar bem, nenhum incidente pelo caminho, todos conseguiram manusear os equipamentos e captar o que fosse de seu interesse particular.
Não consegui chegar num ponto alto onde queria muito ir, tem muita área verde e acredito que um som ambiente interessante, um ponto mais próximo do céu onde, quando em silêncio, a Natureza sussurra seus segredos na nossa pele, mas consegui captar um pouco do caótico movimento de sair de um ponto tranquilo até chegar próximo ao primeiro carro com som ligado. Alguns dos noturnos, como o do trem, captamos no decorrer dos dias passados, já que o trem passa bem em frente a casa onde Rodrigo e eu moramos. No individual, captei um momento de reunião enquanto decidíamos os áudios a serem enviados nesse trabalho e um momento (já rotineiro) em que os gansos do bairro vem até a porta da minha casa me pedir comida.
Barbara Sartori
(grupo Viradouro e Cucuí)
Outubro, 2022