Morumbi e Pitanga

Experiência de Captação de Sons – Bairros: Morumbi e Pitanga

Cachoeira possui uma configuração territorial muito única, rodeada por morros e ladeiras, todas as ruas da cidade são de paralelepípedos. Por ser uma cidade tombada pelo IPHAN, suas casas e construções seguem uma arquitetura típica. A cidade possui muitas ruas que se conectam e se cruzam em pontos específicos, ladeiras extremamente íngremes, curvas, atalhos… Os bairros em que gravamos os áudios (Morumbi e Pitanga), são bairros residenciais, locais “íntimos” da cidade, locais em que os estudantes do CAHL (Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB) não têm costume de estar, de transitar, locais não explorados por nós, em que os moradores preservam costumes e tradições.

Adentramos o Morumbi um tanto quanto receosos justamente por termos conhecimento de todas essas questões que cercam a cidade e a universidade. Com um gravador (Sony ICD Px820) e um fone de ouvido simples, saímos do CAHL, que se encontra na região do centro da cidade e caminhamos até o cemitério azul. Nos disseram que para chegar ao Morumbi deveríamos virar à esquerda quando chegássemos ao cemitério, e assim fizemos. A rua comprida se abriu para nós. Paramos logo numa pequena praça e foi por ali que começamos a conhecer o Morumbi.

A rua se tornou uma ladeira. Crianças brincavam, moradores conversavam nas portas de suas casas, cachorros e pássaros emitiam sons. O fim da ladeira nos revelou algo único: uma paisagem incrível da cidade de Cachoeira, o rio Paraguaçu e São Félix. Paramos um pouco ali para observar e captar os sons, depois, calmamente descemos a ladeira e nos dirigimos para o bairro Pitanga.

No caminho, gravamos alguns sons da rua. Para chegar à Pitanga fomos até a feira pedir informações. A Pitanga é o bairro colado na saída (ou entrada) da cidade. Por ali passam carros, motos, caminhões e ônibus o tempo todo. Durante nossa caminhada um senhor, seu João, morador daquele bairro, nos guiou e foi muito amigável.


Ele nos apresentou o local e alguns antigos moradores que se encontravam do lado de fora de suas casas no fim de tarde. Por ali passa um córrego, tem uma praça com bancos, árvores, crianças brincando na rua, o balneário mais ao fundo e as ladeiras que nos levam para outro nível de admiração. Os raios de sol do fim da tarde nesse momento, se espalham pelo alto da ladeira, batem e refletem nas casas. As plantas e algumas ruínas nos revelam locais mágicos, cheios de detalhes e curiosidades para olhos contempladores. Na parte de baixo, do outro lado da pista há uma escola. Alguns garotos jogam bola e o córrego passa por perto com seu chiado característico.
Foi uma experiência maravilhosa poder conhecer essas regiões de Cachoeira tão peculiares e às quais não temos acesso cotidiano. Foi maravilhoso contemplar as paisagens que as ladeiras cachoeiranas nos proporcionam e descobrir os sons escondidos naqueles locais.

por Lígia Marques Rocha Franco e Michel Silva dos Santos